Título da obra: Vozes d'América


Reprodução Fotográfica Horst Merkel
Vozes d'América
,
1864
,
Fagundes Varela
Reprodução Fotográfica Horst Merkel
Luís Nicolau Fagundes Varela (Vila de São João Marcos, Rio de Janeiro, 1841 - Niterói, Rio de Janeiro, 1875). Poeta, contista e dramaturgo. Na infância tem intenso contato com a natureza, mais tarde cantada em seus versos. A partir de 1851, reside durante curtos períodos em Catalão (Goiás), Angra dos Reis, Petrópolis e Niterói (Rio de Janeiro) até deixar o núcleo familiar, em 1859, para morar em São Paulo, onde realiza o preparatório para a Academia de Direito.
Estreia como poeta em periódicos, sendo considerado sucessor de Álvares de Azevedo (1831-1852) por alguns grupos de acadêmicos boêmios que integra. Em 1861, escreve contos para o Correio Paulistano. No mesmo ano, sai seu primeiro volume de poesia, Noturnas, ao qual se seguem O Estandarte Auriverde (1863), Vozes d’América (1864) e Cantos e Fantasias (1865), publicações insuficientes para sanar suas dificuldades financeiras.
Em 1865, enquanto cursa o terceiro ano de direito no Recife, recebe notícia da morte da esposa, Alice Guilhermina Luande (dois anos após a perda prematura do filho) e volta a São Paulo. Em 1866, desiste da formação e volta a Rio Claro. Em 1869, publica, Cantos Meridionais e Cantos do Ermo e da Cidade. Deixa, manuscritos como O Evangelho nas Selvas e Diário de Lázaro.
Análise
A obra poética de Fagundes Varela discorre sobre os mais diversos temas cultivados ao longo do romantismo brasileiro: o nacionalismo (nos poemas de O Estandarte Auriverde, por exemplo); o bucolismo, às vezes com oposição entre campo e cidade (O Sabiá, A Roça); o pessimismo (Desengano); a preocupação social (O Escravo); e a religiosidade (Cantos Religiosos); entre outros.
Tal diversidade desfavorece o consenso da crítica literária quanto ao traço mais marcante dessa produção. Assim, se Sílvio Romero (1851-1914) destaca a “morbidez inconsciente e irresistível”, Edgard Cavalheiro (1911-1958) ressalta a descrição da natureza e Antonio Candido (1918-2017) vê no acentuado “lirismo social” um motivo para preferir situar Varela na terceira geração romântica, e não na segunda (individualista, de assinalado desajuste entre sujeito e meio social), na qual o poeta figura na maioria dos manuais de literatura.
A crítica também debate a imitação de certas composições de antecessores como Gonçalves Dias (1823-1864) e o britânico Lord Byron (1788-1824). As posições vão desde a condenação da emulação como obstáculo à originalidade por José Veríssimo (1857-1916) até a defesa do poeta, por Péricles Eugênio da Silva Ramos (1919-1992). Entre o senso comum, no entanto, está o reconhecimento da cadência dos versos de Varela, nas várias métricas de que se serve, como uma das maiores expressões da musicalidade do verso romântico. E, também, a eleição de Cântico do Calvário, composição dedicada ao primeiro filho morto, como um dos mais belos poemas da literatura brasileira.
Seus contos, em parte de caráter misterioso, se limitam a menos de uma dezena e da sua dramaturgia resta o manuscrito A Morte do Capitão-Mor, guardado na Academia Brasileira de Letras (ABL).
Reprodução Fotográfica Horst Merkel
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