Artigo sobre Fascinação

Teatro Ruth Escobar
Isay Weinfeld (São Paulo, São Paulo, 1952). Arquiteto, designer, cenógrafo e cineasta. Em 1975, forma-se na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie (FAU/Mackenzie). Recém-formado, trabalha com os arquitetos Jacob Ruchti (1917-1974), Lélio Machado Reiner e Aurélio Martinez Flores (1929-2015), de quem se torna sócio até abrir o próprio escritório, no final da década de 1970.
Durante a graduação, inicia parceria com o colega Márcio Kogan (1952), com quem realiza 14 curtas-metragens entre 1974 e 1984. O último deles, Idos com o Vento (1983), é premiado nos festivais de Gramado e de Huela, na Espanha, em 1984. Além dos curtas, filmam o longa-metragem Fogo e Paixão (1988), que ironiza os problemas arquitetônicos e urbanísticos de São Paulo.
Alguns de seus projetos de arquitetura são publicados em periódicos nacionais e internacionais, como Architectural Digest e Architecture Now, e participam da exposição Ainda Moderna? Arquitetura Brasileira 1928-1960, realizada em Paris, em 2005. Em 2006, cria o projeto museográfico da 26ª Bienal Internacional de São Paulo.
Tem projetos premiados pelo Departamento Paulista do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB/SP), nos anos de 2000, 2002, 2004, 2006, pela 6ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo (2005) e pela revista inglesa Architectural Review (2009). Em 2008, são lançados dois livros dedicados à sua produção residencial, um assinado pelo jornalista Daniel Piza (1970-2011), outro pelo arquiteto Raul A. Barreneche.
Arquiteto de destaque no cenário nacional, com projetos realizados no Brasil e no exterior, Isay Weinfeld atua em diversos campos – arquitetura, design de móveis, expografia, cinema e cenografia. Seu interesse, contudo, converge para a arquitetura, campo de atuação nos últimos anos. Avesso à especialização, suas referências vêm do cinema, da música, das artes e da moda, como faz questão de enfatizar ao descrever seus projetos. Assim, é inspirado pelos corredores infinitos do filme Morangos Silvestres (1957), de Ingmar Bergman (1918-2007), pelo toque púrpura no branco das camisas da marca Paul Smith e pela música ritmada e melancólica da banda inglesa Radiohead.
Apesar da importância dessas referências, é notável a influência de Jacob Ruchti e Aurélio Martinez Flores no trabalho do arquiteto. Como ambos, Weinfeld concebe a arquitetura com base no interior, interessado em criar espaços acolhedores ou surpreendentes, conforme o desejo de seus clientes, que ele procura compreender em longas conversas no início de cada projeto. O arquiteto se envolve em todas as etapas de construção, definindo a arquitetura, o mobiliário e outros elementos integrados.
Entre os projetos comerciais, merecem destaque o clube Disco (2000), menção honrosa na categoria Arquitetura de Interiores da premiação Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) em 2002, e a sede da loja Havaianas (2007-2009), premiada na segunda edição do World Architecture Festival, realizado em Barcelona, Espanha (2009). Ambos são construídos na cidade de São Paulo. Para a casa noturna, o arquiteto desenha um longo corredor de acesso, revestido com pastilhas de vidro em tons escuros de cinza, azul-marinho e preto e peças incolores iluminadas por fibra ótica. A solução dá movimento ao espaço e cria uma atmosfera lúdica que prepara os usuários para os espaços internos pintados de preto, em que se destacam elementos de cores vivas, como o painel do bar, criado pelos irmãos Campana.
A ambientação noturna da Disco contrasta com o espaço solar criado para a loja-conceito das Havaianas. Nela, o arquiteto recompõe o ambiente praiano. Para isso, cria uma praça que prolonga o espaço da rua e dá acesso à loja, utiliza materiais como a pedra mineira, mistura iluminação natural e artificial e projeta jardins internos.
O prestígio alcançado pelos projetos comerciais não ofusca a dedicação de Weinfeld ao programa residencial. A despeito de suas especificidades, todas as casas têm em comum a intenção de conduzir o visitante por uma sequência de experiências táteis, visuais e espaciais, que se inicia em fachadas cerradas e longos corredores de acesso até alcançar os espaços de convivência. À semelhança das residências projetadas por Rino Levi (1901-1965), as construções de Weinfeld são introvertidas: abrem-se para amplos jardins internos, longe da agitação da cidade, preservando a privacidade da família. A idealização da casa como recanto aparece também na organização do programa, dividido entre áreas de serviços, junto à entrada principal, áreas de estar e áreas íntimas, resguardas no andar superior. Vale ressaltar também a atenção ao detalhe, a preocupação em conceber ambientes com base no arranjo interno e no mobiliário, o gosto pela abstração e a combinação de cores, texturas e materiais diversos, dos rústicos e naturais aos industriais.
Teatro Ruth Escobar
Teatro Vivo
Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB)
Museu da Casa Brasileira (MCB)
Museu da Casa Brasileira (MCB)
Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP)
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