Título da obra: [OP_ERA] Haptic Interface


Registro fotográfico Sérgio Guerini
[OP_ERA] Haptic Interface
,
2005
,
Rejane Cantoni
|
Daniela Kutschat
Registro fotográfico Sérgio Guerini
Rejane Caetano Augusto Cantoni (São Paulo, São Paulo, 1959). Artista e pesquisadora de sistemas de informação. Gradua-se em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) em 1982. É mestre (1989) e doutora (2001) em comunicação e semiótica pela mesma instituição, com pesquisas sobre computação gráfica e sistemas de realidade virtual. Em 1996, conclui mestrado em Études Supérieures des Systèmes de Information, na Université de Genève (Unige), Suiça, investigando a obra do pintor, escultor, designer e coreógrafo alemão Oskar Schlemmer (1888-1943).
Entre 2007 e 2009, realiza pesquisa de pós-doutorado no Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da Universidade de São Paulo. Como docente, atua na PUC/SP (2001-2014), no Programa de Posgrado Online en Artes Mediales (Argentina, 2009-2011), e no Centro Universitário Senac/SP (2010). Entre 2005 e 2007, é vice-diretora do Centro de Ciências Matemáticas Físicas e Tecnológicas da PUC/SP. Em 2008, é orientadora do Programa de Residências do Laboratório de novas mídias do Museu da Imagem e do Som (Labmis). Atualmente, coordena o projeto de pesquisa “Interfaces áudio-tátil-visuais: pesquisas e experimentos”, ao lado do artista e pesquisador Gilbertto Prado (1954).
Inicia pesquisa artística sobre arte e tecnologia, realizando trabalhos em vídeo e teletransmissão digital entre 1987-1989. No final da década de 1990 e início de 2000, a pesquisa volta-se para sistemas de realidade virtual, atuando em parceria com artistas e pesquisadores, como Daniela Kutschat (1964), Raquel Kogan (1955) e Leonardo Crescenti (1954). Ao lado de Crescenti, participa em exposições e festivais de arte eletrônica nacionais e internacionais como o Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (File), em São Paulo, Ars Electronica (Linz, Áustria), Mois Multi (Québec, Canadá), entre outros. Tem trabalhos premiados pelo Prêmio Cultural Sergio Motta (2000, 2003 e 2009), Prix Ars Electronica (2011), Rumos Itaú Cultural (2014), entre outros nacionais e internacionais.
Os projetos de que Rejane Cantoni faz parte desenvolvem ferramentas poéticas de experimentação multisensorial. Baseiam-se em plataformas de realidade virtual que exploram a interação homem-máquina, investigando diferentes conceitos de espaço resultantes dessa interação. Um de seus primeiros e mais longevos projetos nesse sentido é OP_ERA, realizado em parceria com a Daniela Kutschat. O projeto, em curso desde 1999, compreende pesquisa e desenvolvimento de modelos científicos e artísticos de espaço; de interfaces homem-máquina (hardware e software), por meio das quais homem e máquina estão conectados; de formas alternativas de percepção e cognição espacial, por meio da experimentação multisensorial de modelos conceituais de espaço. Não se trata apenas da realização material de uma obra em uma exposição. A implementação física da obra é apenas um estágio do desenvolvimento do projeto. Uma das implementações físicas é OP_ERA: HAPTIC INTERFACE, experimento que utiliza uma luva de dados e sistema estereoscópico para visualizar e manipular atratores de Lorentz. Esses atratores são sistemas não-lineares que, baseados em um conjunto de 12 variáveis, são capazes de representar como um sistema dinâmico, como as correntes de ar na atmosfera, evolui no tempo em um padrão complexo e não-repetitivo. A instalação compreende uma luva de dados e um software customizado, utilizados para processar e traduzir os movimentos do participante (ou interator) em mudanças na representação visual das equações matemáticas projetadas em uma tela. Trata-se de uma interface capaz de transformar novamente em informações analógicas, tátil-visuais, cálculos matemáticos complexos e abstratos, gerados por uma interferência analógica em um sistema digital.
Outra implementação do projeto expande essa experimentação para a imersão do corpo: OP_ERA: SONIC DIMENSION (2005). A instalação é desenhada como um instrumento musical, na forma de um cubo preto aberto em um dos lados e preenchido por centenas de linhas verticais que remetem às cordas de um violino. O público interage com o trabalho mediante seus próprios movimentos corporais. Uma vez dentro do cubo, luz e som em múltiplas intensidades são produzidos quando o observador se movimenta ou quando sua presença é captada por microfones e sensores eletrônicos, fazendo as cordas vibrarem e reverberarem umas nas outras.
Em parceria com Leonardo Crescenti desde 2000, a artista desdobra essa investigação sobre o espaço em trabalhos que envolvem fisicamente os participantes em ambientes de deslocamento perceptivo. É o caso de MELT, instalação interativa composta de 50 placas de alumínio náutico polido, alinhadas e conectadas umas às outras por meio de um sistema de rolamentos linear, formando uma superfície espelhada de 3 metros de largura por 70 metros de comprimento. As placas são apoiadas em 1800 molas de aço, erguidas a 12 cm do chão, de modo que a cada passo do participante, a superfície se altere em função de seu peso, posição e comportamento, criando um jogo de transformações áudio-tátil-visuais que incluem os demais participantes e o entorno. O reflexo do ambiente e da arquitetura na superfície metálica é deformado pela movimentação das placas que projeta a luz ambiente, criando efeitos óticos no entorno e alterando a percepção do espaço.
Registro fotográfico Sérgio Guerini
Rejane Cantoni - Enciclopédia Itaú Cultural
Não existem mais fronteiras entre nichos de pesquisa ou tipos de materiais. Vivemos em um mundo híbrido, um mundo misto, da rede, no qual tudo é arte contemporânea. Esse é o contexto de criação descrito por Rejane Cantoni. A artista cria interfaces áudio-tátil-visuais, instalações nas quais o público explora e interage com bancos de dados e ambientes virtuais. Seus trabalhos têm origem em investigações realizadas em áreas como ciência, tecnologia e química, e, muitas vezes, se transformam em obras de arte públicas, buscando a ideia de estar “no meio da rua”, de “pertencer a todo mundo”. As pessoas, por sua vez, participam de ensaios cognitivos, que reverberam mesmo após o contato com a peça, como em Piso (2007), uma espécie de tapete que se movimenta como uma onda – sensação que se espalha e se mantém no corpo do visitante.
Produtora: Documenta Vídeo Brasil
Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Erika Mota (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)
Galeria Flávio de Carvalho
Serviço Social do Comércio (Pompéia, São Paulo, SP)
Itaú Cultural
Itaú Cultural
Instituto Sergio Motta (São Paulo, SP)
Itaugaleria (Brasília, DF)
Instituto Sergio Motta (São Paulo, SP)
Itaú Cultural
Paço das Artes
Santander Cultural (Porto Alegre, RS)
Itaú Cultural
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Paço das Artes
Itaú Cultural
Itaú Cultural
Itaú Cultural
Espacio Fundación Telefónica
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