Título da obra: Recanto de Veneza


Mistério
,
1928
,
Eugênio Latour
Reprodução fotográfica Rômulo Fialdini
Biografia
Eugênio Latour (Rio de Janeiro RJ 1874 - idem 1942). Pintor, gravador e decorador. Estuda com Zeferino da Costa (1840-1915), Henrique Bernardelli (1858-1936) e Rodolfo Amoedo (1857-1941) na Escola Nacional de Belas Artes (Enba), no Rio de Janeiro. Recebe o Prêmio Viagem ao Exterior da Enba em 1902, com a pintura de gênero Escolha Difícil, 1901. Como pensionista, estuda na França e Itália, até 1908. Retorna à Itália em 1910 para trabalhar como decorador da cúpula do pavilhão brasileiro na Exposição Internacional de Turim, em 1911. Em Florença, monta um ateliê e se radica como cidadão italiano entre ca.1911 e ca.1941. Participa de várias edições do Salão Nacional de Belas (SNBA) entre 1899 e 1908. É membro do júri do 23º Salão Nacional de Belas Artes de Porto Alegre, em 1919. Participa do 1º Salão Paulista de Belas Artes, em 1934. O Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) faz uma retrospectiva de seus trabalhos em 1944, expondo seus auto-retratos. No mesmo museu, suas obras participam da exposição Um Século de Pintura Brasileira, em 1952. Explora em sua pintura temáticas de cunho social e moral, além de paisagens e figuras femininas. Realiza trabalhos no campo da gravura em metal e em madeira.
Comentário Crítico
Como aluno e discípulo de Henrique Bernardelli (1858-1936), Eugênio Latour recebe influência do contato de seu professor com o impressionismo e neo-impressionismo franceses e o divisionismo italiano, escolhendo visitar os países de origem dessas correntes quando recebe o prêmio viagem ao exterior da Escola Nacional de Belas Artes (Enba), em 1902, fato que contribui para confirmar a predileção dos artistas nacionais por esses dois destinos. Sua obra oscila entre temáticas edificantes, como as apresentadas em telas como Praga Social - O Álcool, 1905, e aquelas que atestam influências do clima art-nouveau europeu, como Nelinha, 1912. Duramente analisado pelos críticos Francisco Acquarone e A. de Queiroz Vieira no livro Primores da Pintura Brasileira, a tela demonstra a tentativa do artista de incorporar alguns procedimentos que, mesmo nos anos 1940, ainda eram recusados por alguns críticos brasileiros, como o tratamento planar do fundo da tela, que reforça seu caráter decorativo. A composição é sintética, articulada pelo cruzamento da figura feminina, uma vertical forte, com a frisa de arabescos florais. Ela parece repercutir a importância da pintura da Secessão vienense, sobretudo as obras de Gustav Klimt (1862-1918), para os artistas italianos, especialmente após a Exposição Internacional de Roma, em 1911. Observa-se também o parentesco com soluções encontradas nas artes gráficas do período, que pode ser imputada à familiaridade do artista com a gravura em metal e madeira. Pouco se conhece da produção gráfica de Latour, mas o contato com esse meio dá pistas da diversidade de linguagens e técnicas artísticas experimentadas no primeiro modernismo brasileiro, do qual, infelizmente, poucos testemunhos restam para que se possa ter um quadro mais preciso de sua dimensão e características.
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Rômulo Fialdini
Reprodução fotográfica Rômulo Fialdini
Reprodução fotográfica Rômulo Fialdini
Reprodução fotográfica Rômulo Fialdini
Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo (Laosp)
Fundação Bienal de São Paulo
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