Título da obra: Roscas de Polvilho, Rio Grande do Sul


Dois Filósofos, Rio Grande do Sul
,
ca. 1900
,
Lunara
Biografia
Luiz do Nascimento Ramos (Porto Alegre RS 1864 - idem 1937). Fotógrafo e comerciante. Sabe-se que atua em Porto Alegre nas primeiras décadas do século XX, mas não há dados a respeito de sua formação. Começa a trabalhar como guarda-livros, tornando-se mais tarde sócio da firma de importações Franco, Ramos & Cia. Fotógrafo amador, integra a associação Sploro Photo-Club, em Porto Alegre, e registra a periferia da cidade aos domingos. Utiliza o pseudônimo Lunara para expor suas imagens. Conquista medalha de ouro na Mostra Grupal de Artes Plásticas, promovida pelo jornal Gazeta do Comércio, em 1903, e, no ano seguinte, é premiado em concurso realizado pelo Photo Club Hélios. Na década de 1910, publica regularmente seu trabalho na revista Máscara. Em 1922, recebe prêmio da publicação Revue de France, de Paris, fato noticiado na revista Ilustração Brasileira, do Rio de Janeiro, que dedica duas páginas ao seu trabalho. Após seu falecimento, sua obra permanece durante décadas guardada por familiares. Em 1976, a jornalista e fotógrafa gaúcha Eneida Serrano (1952) descobre 23 negativos de vidro e dois álbuns com 60 fotografias de sua autoria e, três anos depois, realiza a exposição Lunara - Amador 1900, no Museu de Comunicação Hypólito José da Costa, em Porto Alegre. Em homenagem ao artista, em 2001, o centro cultural Usina do Gasômetro, na capital gaúcha, inaugura a Galeria Lunara, espaço especializado em fotografias.
Comentário Crítico
As fotos de Lunara chamam atenção por revelar aspectos bucólicos da Porto Alegre do início do século XX, e pela correspondência estética que apresentam com movimentos amadores internacionais da época.
O artista segue o padrão temático da fotografia pictorialista desenvolvida sobretudo na França e na Inglaterra nas últimas décadas do século XIX. Pelo enquadramento e assuntos escolhidos, suas imagens se aproximam de movimentos pictóricos como o romantismo e o realismo.
No início dos anos 1900, a capital gaúcha vive intensa expansão urbana. Em seus passeios pela periferia da cidade, Lunara busca privilegiar cenas que denotem a relação harmônica do homem com a natureza. Ele fotografa, aos domingos, quase sempre situações de lazer: casais namorando, piqueniques, lavadeiras no riacho Ipiranga, crianças pescando ou se banhando no rio Guaíba, carreteiros vendendo mercadorias, chácaras, rodas de chimarrão e brincadeiras típicas como pau-de-sebo. Além disso, realiza diversos retratos de ex-escravos.
Lunara trabalha com pesados equipamentos e negativos de grande formato. Suas fotos mostram pessoas de corpo inteiro, em cenas estáticas cuidadosamente montadas e dirigidas por ele. Do ponto de vista temático e compositivo, suas imagens se aproximam dos trabalhos de pintores como Weingartner (1853 - 1929), que, na mesma época e lugar, pintam com lirismo temas cotidianos e regionais.
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