Artigo sobre Exposição Internacional de Belas Artes (1916 : Roma, Itália)

Vittorio Breheret (São Paulo, São Paulo, 18941 - idem 1955). Escultor. Inicia formação artística em 1912, estudando desenho, modelagem e entalhe em madeira no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo (Laosp). De 1913 a 1919, viaja a estudo para Roma, onde é aluno do escultor Arturo Dazzi (1881-1966). Retorna a São Paulo e instala ateliê no Palácio das Indústrias, em sala cedida por Ramos de Azevedo (1851-1928). É descoberto pelos modernistas Di Cavalcanti (1897-1976), Hélios Seelinger (1878-1965), Menotti del Picchia (1892-1988), Mário de Andrade (1893-1945) e Oswald de Andrade (1890-1954), que passam a divulgar sua obra. Em 1921, com bolsa de estudo do Pensionato Artístico do Estado de São Paulo, viaja a Paris. Na capital francesa, entra em contato com os escultores Henry Moore (1898-1986), Emile Antoine Bourdelle (1861-1929), Aristide Maillol (1861-1944) e Constantin Brancusi (1876-1957). Alterna sua estada entre França e Brasil até 1936. Entre 1921 e 1929, expõe no Salon d'Automne, no Salon de la Société des Artistes Français - Section de Sculpture et Gravure sur Pierre e no Salon des Indépendents. Mesmo ausente do país, participa com 12 esculturas da Semana de Arte Moderna de 1922. Em 1932, torna-se sócio-fundador da Sociedade Pró-Arte Moderna (Spam). Inicia, em 1936, a execução do Monumento às Bandeiras, cujo anteprojeto data de 1920 e que é inaugurado em 1953 na Praça Armando Salles de Oliveira, em São Paulo. Nos anos 1940 e 1950, realiza esculturas para locais públicos, fachadas e baixos-relevos, entre outras obras. Nesse período, ponto alto da carreira do artista, retrata as figuras e os costumes da cultura indígena brasileira em terracota, bronze e pedra com incisões.
Brecheret inicia sua formação artística, em 1912, no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, onde estuda desenho, modelagem e entalhe em madeira. Em 1913, viaja para Roma e torna-se discípulo de Arturo Dazzi, escultor que se destaca pelo gosto por figuras monumentais elaboradas com grande síntese formal. Em Roma estuda atentamente as obras de Auguste Rodin (1840-1917) e Emile Antoine Bourdelle, entre outros, e conhece o escultor Ivan Mestrovic (1883-1962). Quando retorna a São Paulo, em 1919, é um escultor com amplo domínio técnico. Improvisa um ateliê em espaço cedido pelo engenheiro Ramos de Azevedo no Palácio das Indústrias. Seus trabalhos são admirados por um grupo de intelectuais ligados ao movimento modernista: Oswald de Andrade, Menotti del Pichia e Mário de Andrade.
As esculturas Ídolo e Eva (ambas de 1919) apresentam um tratamento naturalista da anatomia e uma contida dramaticidade, que se expressa por meio de torções do corpo e de volumes trabalhados em luz e sombras acentuadas. O escritor e crítico Mário de Andrade denomina esse período da obra de Brecheret (em oposição à época posterior, em Paris) de fase de sombras, na qual estas sempre se valorizam mais do que a luz. Em 1920 realiza a maquete para o Monumento às Bandeiras, no qual evoca a saga dos bandeirantes na conquista de novas terras. No ano seguinte, recebe bolsa de estudo do Pensionato Artístico do Estado de São Paulo e viaja para Paris, onde permanece até 1935. Embora ausente, expõe algumas obras na Semana de Arte Moderna de 1922.
Em Paris, Brecheret será muito sensível a três fontes que busca fundir de maneira pessoal: a ênfase ao volume geométrico da escultura cubista, o tratamento sintético da forma dado pelo escultor romeno Constantin Brancusi e a estilização elegante do art déco. A convergência dessas matrizes pode ser percebida em Tocadora de Guitarra (1923). Nessa fase o escultor reduz a dramaticidade vista em suas obras anteriores. Agora produz formas simplificadas e de forte cunho ornamental. A escultura Mise au Tombeau [O Sepultamento], de 1923 - hoje no Cemitério da Consolação, em São Paulo - é uma das obras mais destacadas de seu período francês. Esta é organizada em formas lineares e possui uma suavidade melódica. O tema é tratado com muita simplificação formal, evocando um clima de grande serenidade.
Em 1936, Victor Brecheret fixa-se em São Paulo, onde recebe encomendas de esculturas públicas e também de trabalhos com temas religiosos. Retoma o projeto do Monumento às Bandeiras, que é concluído apenas em 1953. A obra se destaca pelas figuras elaboradas com grande síntese formal, pela preocupação com os volumes, pela simplificação dos detalhes e linhas estilizadas. O monumento consegue resumir o apelo narrativo e alegórico do tema: em sua composição convergem uma forte marcação horizontal e um movimento de arrasto que culmina na figura da Glória, que enfeixa heroicamente todo o grupo escultórico. O tratamento da superfície é mais áspero, se comparado ao de obras anteriores, o escultor dá maior ênfase à matéria.
A partir da década de 1940, o artista se aproxima dos temas ligados à cultura indígena, em esculturas realizadas em bronze ou terracota: Drama Marajoara (1951) ou Drama Amazônico (1955). Nessa fase em que alcança o ponto alto de sua carreira também trabalha com pedras de formas circulares, nas quais interfere realizando suaves incisões, como nas obras Luta da Onça ou Índia e o Peixe (ambas de 1947/1948). Nestas evoca o caráter sagrado ou mágico das pedras e retoma assim, de maneira muito pessoal, formas e arquétipos indígenas, ainda que se note aí a presença da escultura de Henry Moore e Hans Arp (1886-1966). Em trabalhos como Luta dos Índios Kalapalos (1951) produz formas nas quais dialoga com a abstração. Em Índio e Suassuapara (1951) o artista parte de dois volumes que se aglutinam e trabalha as superfícies vazias ou cheias, nas quais se inserem as incisões.
Victor Brecheret, ao longo de sua carreira, experimenta as muitas modalidades do fazer escultórico, trabalhando com diferentes materiais: mármore, pedra de França, granito e bronze. Escolhe como interlocutores os grandes escultores modernos. Em suas obras revela uma identidade poética traduzida em um caráter de síntese formal e requintada simplicidade.
1. Algumas fontes apontam seu nascimento na cidade de Farnese, Itália. Seguimos a certidão de nascimento enviada pela família.
Casa Byington (São Paulo, SP)
Casa Byington (São Paulo, SP)
Theatro Municipal de São Paulo
Maison de L'Amérique Latine (Paris, França)
Musée Galliera (Paris, França)
Palais de Bois (Paris, França)
Société des Artistes Indépendants (Paris, França)
Fundação Bienal de São Paulo
Fundação Bienal de São Paulo
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