Título da obra: Mastro de Santo Antônio


Reprodução fotográfica autoria desconhecida
[Sem Título]
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início da década 1960
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Alfredo Volpi
Reprodução fotografica Romulo Fialdini
Alfredo Volpi (Lucca, Itália 1896 – São Paulo, São Paulo, 1988). Pintor. Com uma trajetória singular e passagem por distintas vertentes da pintura, Volpi destaca-se por suas paisagens e temas populares e religiosos, como a série de bandeirinhas de festa junina.
Em 1897, chega ao Brasil com pouco mais de um ano e instala-se com a família no Cambuci, tradicional bairro de São Paulo. Estuda na Escola Profissional Masculina do Brás e, na juventude, trabalha como marceneiro, entalhador e encadernador. Em 1911, inicia a carreira como aprendiz de decorador de parede, pintando frisos, florões e painéis de residências. Na mesma época começa a pintar sobre madeira e tela.
Participa pela primeira vez de uma exposição coletiva no Palácio das Indústrias de São Paulo, em 1925, momento em que privilegia retratos e paisagens. Por causa da grande sensibilidade na representação da luz e da sutileza no uso das cores, é comparado aos impressionistas. Outras obras da década de 1920, no entanto, contam com traços que remetem a composições românticas. É o caso de Paisagem com Carro de Boi, com a movimentação curva da estrada e a árvore retorcida. A coexistência de elementos de escolas distintas indica o conhecimento da tradição e a recusa de Volpi à pintura de observação.
Na década de 1930, aproxima-se do Grupo Santa Helena, formado por artistas como os pintores Mário Zanini (1907-1971), Francisco Rebolo (1902-1980), o italiano Fulvio Pennacchi (1905-1992) e Bonadei (1906-1974). Volpi participa de excursões para pintar os subúrbios e de sessões de desenho com modelo vivo realizadas pelo grupo. Em 1936, participa de uma exposição com os membros do Santa Helena e toma parte na formação do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo.
Em 1937, conhece o pintor italiano Ernesto de Fiori (1884-1945), importante figura no desenvolvimento artístico de Volpi. Com De Fiori, aprende que o tema da pintura e suas possibilidades narrativas não são tão importantes quanto os elementos plásticos e formais. De diálogos com o artista surgem soluções como o uso de cores vivas e foscas e um tratamento mais intenso da matéria pictórica. A partir desse ano, participa dos Salões da Família Artística Paulista [(FAP), organizados pelo pintor Rossi Osir (1890-1959)]. Sem abandonar o trabalho de decoração de paredes, em 1939, inicia a série de marinhas e paisagens urbanas realizadas em Itanhaém, litoral de São Paulo.
Ganha o concurso promovido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 1940, por trabalhos realizados com base nos monumentos das cidades de São Miguel e Embu, e encanta-se com a arte colonial, voltando-se para temas populares e religiosos. Também realiza trabalhos para a Osirarte, empresa de azulejaria criada no mesmo ano por Osir. Nessa década, sua pintura passa por uma rigorosa simplificação formal.
Realiza a primeira exposição individual, na Galeria Itá, em São Paulo, no ano de 1944, e participa de coletiva organizada por Guignard (1896-1962), em Belo Horizonte.
No fim da década de 1940, confere à pintura uma textura rala com a aplicação da técnica da têmpera, como em Casa na Praia (Itanhaém), de 1949. Nesse período, o caráter construtivo é afirmado nos planos de fachadas, telhados e na paisagem, ao passo que certas composições gradativamente caminham para a abstração. Em 1950, viaja à Europa com Zanini e Osir e se interessa por pintores pré-renascentistas, o que confirma algumas soluções pictóricas que alcança em seu trabalho. Encontra na obra do pintor italiano Paolo Uccello (1397-1475) jogos de ilusão em que ora o fundo se opõe à figura e a projeta para a frente, ora ambos se entrelaçam na superfície da tela. Volpi constrói, assim, um espaço indeterminado que permite o surgimento de uma estrutura que se esvai, fluida, ressaltada pela têmpera, e uma forte vontade de ordenação.
Participa das três primeiras Bienais Internacionais de São Paulo e, em 1953, divide com Di Cavalcanti (1897-1976) o prêmio de melhor pintor nacional. É convidado a participar das Exposições Nacionais de Arte Concreta (1956 e 1957) e mantém contato com artistas e poetas dessa vertente.
Em 1958, é condecorado com o Prêmio Guggenheim, realiza exposição retrospectiva e é aclamado por Mário Pedrosa (1900-1981) como “o mestre brasileiro de sua época”. No mesmo ano, pinta afrescos para a Capela Nossa Senhora de Fátima, em Brasília, e telas com temas religiosos. Ainda na década de 1950, surgem as bandeirinhas de festa junina que, além de um motivo popular, tornam-se elementos compositivos autônomos, como em Fachada com Bandeiras (1959).
Recebe o prêmio de melhor pintor brasileiro pela crítica de arte do Rio de Janeiro em 1962 e 1966. Nas décadas de 1960 e 1970, suas composições de bandeirinhas são intercaladas por mastros com grande variação de cores e ritmo. A técnica da têmpera lhe permite renunciar à impessoalidade do uso de tintas industriais e do trabalho automatizado e mecânico, dos quais os artistas concretistas se aproximam. A prática artesanal torna-se para Volpi uma resistência à automatização e, simultaneamente, a afirmação de seu lirismo, em vez de reiteração ingênua do gesto.
A trajetória artística de Alfredo Volpi é marcada por transformações gradativas que brotam de seu amadurecimento e diálogo com a pintura. Ao unir vasto conhecimento da história da arte com a prioridade do fazer artesanal, Volpi constrói uma obra original e incomparável.
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotografica Romulo Fialdini
Reprodução fotografica Romulo Fialdini
Reprodução fotografica Romulo Fialdini
Reprodução fotografica Horst Merkel
Reprodução fotografica Romulo Fialdini
Reprodução fotografica autoria desconhecida
Reprodução fotografica Horst Merkel
Reprodução fotografica Romulo Fialdini
Reprodução fotografica autoria desconhecida
Reprodução fotografica Horst Merkel
Reprodução fotografica autoria desconhecida
Reprodução fotografica autoria desconhecida
Reprodução fotografica autoria desconhecida
Reprodução fotografica autoria desconhecida
Reprodução fotografica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotografica Horst Merkel
Reprodução fotográfica João L. Musa/Itaú Cultural
Reprodução fotografica Romulo Fialdini
Palácio das Arcadas (São Paulo, SP)
Esplanada Hotel
Esplanada Hotel
Galeria Itá (São Paulo, SP)
Automóvel Clube (São Paulo, SP)
Galeria Prestes Maia
Museu Nacional de Belas Artes
Palace Hotel
Museu Nacional de Belas Artes
Galeria Prestes Maia
Fundação Bienal de São Paulo
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