Artigo sobre Desejo

Margarida Rey (Santos, São Paulo, 1924 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1983). Atriz. Integrante de importantes companhias dos anos 50, permanece ativa nas transformações ocorridas nos anos 60. Dotada de forte personalidade, atinge grandes desempenhos em papéis dramáticos e trágicos, seus momentos de maior êxito.
Margarida estréia em A Rainha Morta, de Henry de Montherland, uma direção de Ziembinski (1908 -1978) para Os Comediantes, em 1946. No mesmo ano, está num grande sucesso: Desejo, de Eugene O'Neill. Volta em Terras do Sem Fim, adaptação de Graça Mello (1914 - 1979) para o romance de Jorge Amado, em 1947. Junto a Os Artistas Unidos, a atriz participa de dois grandes trunfos: Medéia, de Eurípides, e Uma Rua Chamada Pecado, de Tennessee Williams, ambas direções de Ziembinski, com Henriette Morineau (1908 - 1990) à frente do elenco, em 1948.
Em São Paulo, surge ao lado de Madalena Nicol, em O Homem, a Besta e a Virtude, de Luigi Pirandello, 1951; contracenando com Nicette Bruno (1933) em De Amor Também Se Morre, em 1952, e, com a Companhia de Delmiro Gonçalves, está em duas realizações cheias de ressonâncias: A Falecida Mrs. Black, de Dinner e Morunr, e A Ilha das Cabras, de Ugo Betti, encenações de Rubens Petrilli de Aragão, que lhe oferecem dois prêmios Saci consecutivos.
Em 1954, é contratada pelo Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) onde faz Negócios de Estado e Cândida, em 1954, e Santa Marta Fabril S. A., em 1955. Sai do conjunto para retornar ao Rio de Janeiro, na Companhia Tônia-Celi-Autran atuando com destaque nas principais montagens da empresa, como Otelo, de William Shakespeare; A Viúva Astuciosa, de Carlo Goldoni; Entre Quatro Paredes (Huis Clos), de Jean-Paul Sartre, todas em 1956, com novas premiações; Natal na Praça, de Henri Ghéon, em 1960; e ainda Calúnia, de Lillian Hellmann; Seis Personagens à Procura de um Autor, de Luigi Pirandello; Esses Maridos e O Castelo da Suécia, de Françoise Sagan; Arsênico e Alfazema, de Joseph Kesselring, em 1961.
Em São Paulo, na Companhia Nicette Bruno, interpreta Oito Mulheres, de Robert Thomas, com direção de Luís de Lima (1925 - 2002), em 1963. Volta ao gênero trágico, em 1965, na montagem de Electra, de Sófocles, ao lado de Glauce Rocha (1931 - 1977), com o diretor Antônio Abujamra (1932 - 2015) à frente do Grupo Decisão. Em 1966, está em Os Físicos, de Dürrenmatt, novamente com Ziembinski e, no ano seguinte, na montagem de Édipo Rei, direção de Flávio Rangel para a companhia de Paulo Autran. Em 1968, participa de O Burguês Fidalgo, de Molière, direção de Ademar Guerra (1933 - 1993) para o mesmo conjunto.
Em 1974, ressurge ao lado de Miriam Mehler (1935) em Bonitinha, mas Ordinária, de Nelson Rodrigues (1912 - 1980), uma encenação de Antunes Filho (1929).
Sua interpretação em A Ilha das Cabras motiva o crítico Décio de Almeida Prado (1917 - 2000) a comentar: "Margarida Rey tem no drama de Ugo Betti o maior desempenho de sua carreira. Embora contracenando com três bons atores, esmaga-os com sua sobriedade, a sua força autêntica e profunda, a sua impecável dignidade, a sua noção de medida que é calor e não frieza. Margarida sempre foi uma excelente atriz mas ascende agora ao rol, muitíssimo restrito, das grandes atrizes. A sua preocupação, durante muito tempo, será a de manter e não de ultrapassar o nível deste seu desempenho".1
1. PRADO, Décio de Almeida. 'A Ilha das Cabras', In: _______. Apresentação do Teatro Brasileiro Moderno. São Paulo: Perspectiva, 2001. p. 196.
Theatro Municipal do Rio de Janeiro
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Teatro Brasileiro de Comédia (TBC)
Teatro Brasileiro de Comédia (TBC)
Teatro Brasileiro de Comédia (TBC)
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