Título da obra: Carmen Miranda - Banana is my Business

Maria Helena Collet Solberg (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1942). Diretora, produtora e roteirista. No final da década de 1960, cursa línguas neolatinas da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, onde conhece os cineastas Cacá Diegues (1940) e Arnaldo Jabor (1940). À época, atua como repórter cultural do jornal estudantil O Metropolitano 1.
Trabalha como continuísta nos filmes Capitu (1968) de Paulo César Saraceni (1933-2012), e A Mulher de Todos (1969) de Rogério Sganzerla (1946-2004). Estreia na direção com o curta documental A Entrevista (1967) em que aborda a visão conservadora das mulheres da classe média carioca. A obra seguinte é o curta de ficção Meio-dia (1969) sobre as revoltas estudantis de 1968-1969.
Em 1971, viaja para os Estados Unidos, onde reside por 30 anos. Volta a filmar em 1974, com o documentário de curta-metragem The Emerging Woman [A Nova Mulher]. Seguem-se as películas não ficcionais Double Day [Dupla Jornada] (1976), Simplesmente Jenny (1979), From the Ashes... Nicaragua Today [Ressurgindo das Cinzas… Nicarágua Hoje] (1981), Home of the Brave [Terra dos Bravos] (1985) e The Forbidden Land [A Terra Proibida] (1988). A fita sobre a Nicarágua recebe premiações no Chicago Film Festival e no National Emmy Award, o mais importante prêmio da TV norte-americana.
Carmen Miranda: Bananas is my Business (1995) repercute nos Estados Unidos, recebendo o prêmio de melhor documentário dramático no Festival de Chicago. Este filme coloca Solberg em contato com o público do Brasil, para onde retorna.
Roda Vida de Menina (2004), baseado na obra de Helena Morley, pseudônimo de Alice Dayrrel Caldeira Brandt (1880-1970), e premiado no Festival de Gramado, como melhor filme. Retoma o documentário com Palavra (en) cantada (2008), cujo tema é a música popular brasileira. Seu penúltimo trabalho – Desafio - permanece inédito.
A câmera de Helena Solberg, volta-se para questões femininas e temas políticos. No primeiro grupo, encontramos abordagens da condição da mulher norte-americana nos últimos 200 anos (Emerging Woman), da vida de meninas bolivianas num reformatório (Simplesmente Jenny) até chegar a difícil rotina da mulher latino-americana que trabalha dentro e fora de casa (Dupla Jornada).
No campo político, os tópicos são variados: o papel da igreja progressista brasileira (Terra Proibida), a condição dos grupos indígenas nas Américas do Norte e do Sul (Terra de Bravos) e o regime ditatorial do ex-presidente do Chile, Augusto Pinochet (1915-2006), em Chile: by Reason or by Force (1983). A aproximação entre política e cinema destaca-se em Nicarágua Hoje, que relata as transformações ocorridas nesse país da América Central, durante e depois da Revolução Sandinista, pelo ponto de vista de uma família humilde.
Carmen Miranda: Bananas is my Business mistura documentário e ficção para narrar a trajetória da atriz e cantora que marca a cultura brasileira na primeira metade do século passado. Em Minha vida de menina Solberg lança seu olhar sobre a mulher no campo da ficção. Baseado no relato autobiográfico de Helena Morley, o filme aborda o cotidiano da cidade de Diamantina, em Minas Gerais, entre 1893 e 1895.
Palavra (en) cantada olha para a história da canção brasileira por meio da relação entre música e poesia. Samba, rap, bossa nova e o tropicalismo são exemplos utilizados para investigar essa relação. Na tela desfilam nomes como Jorge Mautner (1941), Adriana Calcanhoto (1965), Chico Buarque (1944), B Negão (1974), Martinho da Vila (1938) e Maria Bethânia (1946).
1. NAGIB, Lúcia. O Cinema da Retomada: depoimentos de 90 cineastas dos anos 90. São Paulo: Editora 34, 2002. p. 462.
National Museum of Women in the Arts (Washington, DC, Estados Unidos)
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