Artigo sobre Amadeus

Biografia
Maria Carmen Braga Murtinho (Rio de Janeiro RJ 1920 - idem 2013). Figurinista. Seus primeiros trabalhos, no teatro amador, são realizados no teatro-escola de Maria Clara Machado, O Tablado, onde até 1984 assina o figurino de cerca de 30 espetáculos, permanecendo ligada à casa mesmo depois de se profissionalizar. Ali, recebe seu primeiro prêmio, como figurinista revelação, da Associação de Críticos Teatrais do Rio de Janeiro, por Baile dos Ladrões, de Jean Anouilh, com direção de Geraldo Queirós, 1955.
Em 1957, é convidada a fazer os figurinos de Nossa Vida com Papai, de Howard Lindsay e Russel Crouse, encenação de Gianni Ratto, no Teatro Brasileiro de Comédia - TBC - e conquista o Prêmio Padre Ventura do Círculo dos Críticos Independentes. Trabalha também nos três espetáculos do repertório de 1957 do Teatro Nacional de Comédia - TNC: Pedro Mico, de Antônio Callado, direção de Paulo Francis; Jogo de Crianças, texto e direção de João Bethencourt; e O Telescópio, de Jorge Andrade, mais uma direção de Francis. No ano seguinte, é a vez de colaborar para o Teatro Maria Della Costa - TMDC e faz os figurinos para Anjo de Pedra, de Tennessee Williams, ganhando novamente o prêmio dos Críticos Independentes. Permanece em O Tablado até assinar, em 1968, o figurino de O Jardim das Cerejeiras, de Anton Tchekhov, numa produção do Teatro Ipanema, que lhe vale o Prêmio Molière. O crítico Yan Michalski analisa seu trabalho no espetáculo: "Os deslumbrantes figurinos de Kalma Murtinho estão entre os melhores figurinos de época que eu já tenha visto no Brasil. A harmonia do seu colorido, a contribuição desse colorido para a criação do clima geral do espetáculo, a perfeição do caimento, a adequação de cada peça do vestuário à psicologia e à posição social da personagem que a usa, a pesquisa do detalhe, a imaginação na escolha dos materiais usados no sentido de criar a ilusão de outros materiais, impossíveis de serem empregados em uma produção teatral - tudo isso contribui decisivamente para que o impacto visual do espetáculo se torne comparável ao das produções de alto gabarito internacional".1
Em 1973, Kalma Murtinho cria o figurino de O Amante de Madame Vidal, de Louis Verneuil, dirigido por Fernando Torres, pelo qual recebe novamente o Prêmio Molière. Assina também o figurino do musical Pippin, de Roger O. Hirson e Stephen Schwartz, dirigido por Flávio Rangel, em 1974. Se nessa década registra poucos trabalhos, na década de 1980 é responsável pelo figurino de algumas montagens de peso: As Lágrimas Amargas de Petra von Kant, de Fassbinder, com Fernanda Montenegro e Juliana Carneiro da Cunha, 1982; os musicais Amadeus, de Peter Shaffer, 1982, e Piaf, de Pam Gens, 1983, ambos com direção de Flávio Rangel. Ganha prêmios Molière e Mambembe de melhor figurino pelo conjunto das peças Foi Bom Meu Bem?, de Luís Alberto de Abreu, direção de Wolf Maya, e Testemunha de Acusação, de Agatha Christie, dirigido por Domingos Oliveira, 1983; Com a Pulga Atrás da Orelha, de Georges Feydeau, uma direção de Gianni Ratto para o Teatro dos Quatro - Prêmio Mambembe, 1984 - ; Cyrano de Bergerac, de Edmond Rostand, direção de Flávio Rangel, 1985; Orlando, de Virgínia Woolf, adaptação de Sérgio Sant'Anna, direção de Bia Lessa, 1989.
Na década de 1990, recebe os prêmios Ibeu por Filha de Lúcifer, de William Luce, com direção de Miguel Falabella, 1993; e Cultura Inglesa por Vita e Virgínia, de Eillen Atkins, dirigido por Ítalo Rossi, 1996; além do Troféu Mambembe, 1998, pelo conjunto de trabalhos já realizados.
A cor do cenário e o corpo do ator são elementos fundamentais na definição do figurino de Kalma Murtinho, que faz questão de tirar pessoalmente as medidas dos atores para "sentir seu volume". Segundo ela, "mesmo que um só papel esteja sendo interpretado por cinco atores, os cinco figurinos vão ser diferentes: não há possibilidade de estereotipar um figurino".2 Reconhecendo que a roupa ajuda o ator a "vestir o personagem", Kalma defende que o elenco tenha cedo os figurinos em mãos e possa ensaiar com eles.
Notas
1. MICHALSKI, Yan. Crítica ao espetáculo Jardim das cerejeiras. Rio de Janeiro, Jornal do Brasil, 1968.
2. MURTINHO, Kalma. Depoimento sobre seu trabalho. Rio de Janeiro, recorte de jornal sem referências.
Teatro Santa Isabel
Galeria Ibeu Copacabana (Rio de Janeiro, RJ)
Fundação Bienal de São Paulo
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