Título da obra: Vedação Branca


Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Oito Camadas
,
2000
,
Leda Catunda
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Leda Catunda (São Paulo, São Paulo, 1961). Artista Visual, pesquisadora e professora. Uma das expoentes da Geração 80, explora em seu trabalho questões referentes à representação das imagens e ao universo pop.
Formada pela Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), em São Paulo, Leda é aluna de Regina Silveira (1939), Nelson Leirner (1932) e Julio Plaza (1938-2003). Durante a formação, se aborrece por ter de desenhar tanto a pedido dos professores e parte, então, em busca de desenhos já disponíveis no mercado.
Entre seus primeiros trabalhos estão as Vedações (1983). Nessa série, a artista se apropria de tecidos estampados, em geral figurativos, e apaga algumas informações com tinta, recriando a estampa. Utiliza-se conceitualmente da pintura: pincel e tinta servem para destacar, apagar, recriar ou criticar um mundo já coberto de imagens. Como tela, utiliza objetos aparentemente banais encontrados em regiões de comércio popular, como flanelas, cortinas de banheiro, cobertores, toalhas e tecidos, em geral usados em ambientes domésticos.
No ano seguinte, ainda recorrendo a materiais disponíveis no mercado, Leda realiza pinturas mais figurativas, como Aquário (1984). Nela, apropria-se das imagens de peixes de uma cortina de plástico para pintar uma caixa de vidro em volta do cardume. A artista chama esses trabalhos de pinturas-objetos.
De acordo com Leda, o interesse pelo universo popular e kitsch vem da ausência desse repertório na casa dos pais. Filha de arquitetos, a residência em que mora na infância é decorada com poucos objetos e, em geral, com design planejado. É a casa da avó portuguesa que desperta o interesse da artista por elementos populares e artesanais de decoração, como toalhas de crochê. O repertório visual começa a se formar nos passeios com a avó pelo comércio popular no largo de Pinheiros, em São Paulo.
Ainda no começo da carreira, a pintura de Leda (como a de outros artistas dos anos 1980) chama a atenção dos principais críticos, galeristas e curadores da época. Em 1983, com apenas 22 anos, participa da mostra coletiva Pintura Como Meio, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP), ao lado dos artistas Ciro Cozzolino (1959), Sergio Romagnolo (1957), Ana Maria Tavares (1958) e Sérgio Niculitcheff (1960), com curadoria de Aracy Amaral (1930). Para a curadora, o talento e o frescor da produção desses jovens está na forma contemporânea de usarem a pintura, buscando suportes menos usuais do que a tela emoldurada e destacando na parede materiais menos nobres, como o "pano".
No ano seguinte, Leda participa da icônica exposição Como Vai Você, Geração 80?, que faz um balanço da produção de 123 artistas da época no Parque Lage, no Rio de Janeiro. Recém-saída da faculdade, ainda nos anos 1980, expõe trabalhos na I Bienal de Havana (em Cuba) e nas XVII e XVIII bienais de São Paulo.
No final dos anos 1980, começa a se distanciar do trabalho figurativo, procedimento que ganha força na década seguinte. Nas obras abstratas, a textura e a estampa do material continuam presentes, mas explora formas geométricas, como na produção apresentada na exposição individual na Galeria São Paulo, em 1992.
Durante essa década, Leda cria o que chama de pintura-instalação, isto é, obras com maior volume e dimensão. As formas geométricas adquirem aparência abstrata, como em Siameses (1998). Essa fase é simultânea à pesquisa de mestrado desenvolvida na Escola de Comunicação e Artes (ECA), que recebe indicação ao doutorado direto, defendido em 2003. Na tese, Leda pesquisa a "poética da maciez", em que estuda sua produção e de outros artistas que exploraram o uso de formas amolecidas. Em 2014, essas estruturas macias passam a dar espaço a materiais mais duros, quando a artista realiza Nó, considerada sua primeira escultura, feita em madeira, em que explora a imagem de fórmicas que imitam madeira.
A partir dos anos 2000, aplica imagens fotográficas às pinturas. Primeiro, utiliza fotos de seu acervo pessoal, com amigos e familiares, como em Todo Pessoal (2006). Depois, apropria-se de imagens enviadas por amigos ou encontradas na internet. Com o fenômeno das redes sociais, as fotos postadas pelos usuários entram para seu repertório, como em Mar Linda (2016), em que usa fotos do perfil de uma jovem. Essa obra faz parte da exposição I love You, Baby, em 2016, no Instituto Tomie Ohtake. Nela, apresenta pinturas que trabalham com o que chama de "consumo afetivo", explorando o uso de logomarcas e imagens de desejo, como de paisagens de férias na praia.
A obra de Leda Catunda se pauta pelo uso de imagens, tecidos e estampas disponíveis a todos. Como ela própria costuma dizer: "gosto de gostar do que os outros estão gostando"1. Atenta ao comportamento das pessoas a sua volta, ao que estão vestindo e fazendo, a artista capta essas referências, transformando-as em matéria-prima para seu trabalho, sem perder o tom de crítica e acidez, que se acentua em seu universo almofadado e colorido.
1. Entrevista de Leda Catunda ao programa programa “Quadro por Quadro”, da revista Vogue, durante a exposição O Gosto dos Outros, realizada no Galpão da Galeria Fortes D'Aloia e Gabriel em abril de 2015 (7 min). Disponível em: https://youtu.be/YqZ8xyFYMHY. Acesso em: 15 out. 2019.
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Registro fotográfico Sérgio Guerini/Itaú Cultural
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica Sérgio Guerini
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Leda Catunda - Enciclopédia Itaú Cultural
Leda Catunda inicia sua trajetória fazendo óleos sobre tela, sobre os quais aplica objetos pouco usuais, como tecidos ou pedaços de madeira. “Mas nunca tirei a pintura”, destaca. “Algumas pessoas dizem que meu trabalho já tem um assunto e não precisaria da tinta. Mas eu acho que a pintura dá um caráter artesanal e tem a cor, que só consigo resolver com ela”, explica. Esse recurso é uma característica que acompanha a artista desde os anos 1980, num processo de colagem a que ela se refere como “apropriação”. “Uso imagens que não são minhas”, diz Catunda, que sobrepõe signos de diferentes universos, criando um novo sentido. “As obras surgem da minha experiência no mundo”, descreve a criadora, que tem o hábito de colecionar ideias em cadernos, nos quais ela amadurece formas recorrentes de seu universo criativo, como as figuras arredondadas, depois reproduzidas em aquarelas e, finalmente, transpostas em telas.
Produção: Documenta Vídeo Brasil
Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Erika Mota (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP)
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP)
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP)
Fundação Bienal de São Paulo
Museo Nacional de Bellas Artes (Havana, Cuba)
Thomas Cohn Arte Contemporânea
Escola de Artes Visuais do Parque Lage
Galeria Luisa Strina
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ)
Thomas Cohn Arte Contemporânea
Teatro Nacional Cláudio Santoro
Centro Cultural São Paulo (CCSP)
Fundação Bienal de São Paulo
Hara Museum of Contemporary Art (Tóquio, Japão)
Galeria de Arte UFF
Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli
Snug Harbor Cultural Center (Nova York, Estados Unidos)
Fundação Bienal de São Paulo
Shopping JK Iguatemi
SILVEIRA, Dôra (Coord.). Espelho da Bienal. Curadoria Ruben Breitman; versão em inglês Jullan Smyth; texto Mário Pedrosa e Paulo Reis; apresentação Italo Campofiorito. Niterói: MAC-Niterói, 1998. [16] p., 11 cartões-postais.
RJmac 1998Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: