Artigo sobre Fotoperformance

Carbono 14
O Carbono 14, de 1982 a 1987, é um centro cultural multimídia privado que divulga a cultura pop e roqueira da cidade de São Paulo. Funciona no Bixiga. Criado pelo sociólogo Andrez Castilho Filho (1936-2004) e Maria Helena Varoli (1933-2003), jornalista de moda, após retornarem de seis anos de residência na França, associados a seus filhos Andrez Castilho (1959), Renata Castilho (1960) e Theo Castilho (1962). Renata encarrega-se da programação visual dos folhetos, dos cartazes, da revista mensal editada pela casa e da loja de acessórios. No térreo, além da loja, encontra-se também livraria, café e a primeira sala de projeção de vídeo brasileira. No primeiro andar, fliperama, sala de cinema 16 mm e os escritórios. No segundo andar, sala para exposição de arte ou show. No terceiro, uma pista de dança com shows e bar e, no quarto, um terraço aberto.
A programação de vídeo e cinema (16 mm) é o que torna o centro cultural Carbono 14 famoso. As películas são enviadas por Theo Castilho, de Amsterdã, e trazem aspectos da cultura pop com shows dos ingleses Rolling Stones, do jamaicano Bob Marley (1945-1981), do jazz do americano Miles Davis (1926-1991) no Japão, videoclipes das bandas inglesas pós-punk como Sister of Mercy, Sigue Sigue Sputnik, Siouxsie and the Banshees, Echo and the Bunnymen, Ramones, Smiths, Cabaret Voltaire, Bauhaus, Cramps. Havia também filmes de arte, como os do americano Andy Warhol (1928-1987) e do cineasta inglês Derek Jarman (1942-1994). Entre o público frequentador, jovens jornalistas ligados ao “new journalism” do Caderno Ilustrada do jornal Folha de S.Paulo: Pepe Escobar (1954), Matinas Suzuki (1954), Mário Cezar Carvalho (1960), Leão Serva, Miguel de Almeida, Fernando Naporano. Há shows marcantes de bandas como: Agentss, Gang 90 & Absurdettes, Voluntários da Pátria, Ultraje a Rigor, Titãs, Violeta de Outono, Magazine, Metro, Made in Brazil. Em 03 de dezembro de 1983, inicia a matinê Metal, com os andares divididos entre projeção de vídeos, shows, “bailes com fitas”, reuniões, bilhar e pebolim. Recebe também performances marcantes como a do bailarino Ismael Ivo (1955).
O Carbono 14 faz parte de um momento em que a contestação política é canalizada por meio da ação cultural, como aglutinador de setores vanguardistas e bem informados do jornalismo e jovem intelectualidade da cidade de São Paulo. Propõe trazer aspectos da modernidade dos centros de difusão europeus e norte-americanos, que na época são de difícil acesso, voltados às influências dos movimento punk inglês e new wave americano e elementos da cultura pop. Consideram ultrapassados os comportamentos remanescentes do movimento hippie e se apresentam como renovadores e divulgadores da modernidade, entendida como vivência da cultura dos países de economias centrais.
Carbono 14
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