Título da obra: Week-end


Registro fotográfico Documentação Nicete Bruno
Week-end
,
1953
Registro fotográfico Documentação Nicete Bruno
Bem-sucedida estréia de Antunes Filho na direção, depois de ter trabalhado por um tempo como assistente de direção no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC).
O texto de Noel Coward gira em torno de uma família de artistas que recebe, para o fim de semana, quatro convidados que não partilham o mesmo espírito descontraído dos anfitriões, prezando o convencionalismo e o bom-tom. É uma infinita sucessão de equívocos e mal-entendidos, advindos da incompatibilidade entre os estilos de vida das personagens. Comédia engenhosa, armada com humor e finura, "com a graça e a precisão de uma peça musical ou de uma dança",1 Week-end presta-se à exploração de tipos, permitindo desempenhos brilhantes.
Com esse material nas mãos, o jovem diretor inicia os ensaios no Teatro de Alumínio, ocupado pela companhia de Nicette Bruno. O local é, no entanto, perdido em decorrência de dificuldades econômicas, e o grupo é obrigado a suspender os ensaios e a partir em turnê pelo interior para equilibrar as despesas. O processo de criação de Week-end é retomado meses depois no Teatro Íntimo Nicette Bruno (TINB), situado na Rua Vitória e, o espetáculo estréia em outubro de 1953.
No elenco figuram Nicette Bruno e Paulo Goulart, Eleonor Bruno, Kleber Macedo, Elísio de Albuquerque, Suzana Morel, Guilherme Corrêa, ao lado de Elizabeth Henreid e Ruy Affonso, atores especialmente convidados para o espetáculo. Um frenético e inusitado ritmo é imposto por Antunes aos ensaios. Os atores recordam que diversos exercícios de ritmo e improviso, destinados a propiciar uma interpretação natural e acelerada, são adaptados a cada tipo físico do elenco. Nessas circunstâncias, a montagem adquire seu timing e um peculiar tom brasileiro, com a adequação do ambiente londrino ao mundo tropical.
O crítico Miroel Silveira observa: "Antunes Filho deu a Week-end uma direção coerente, viva, minuciosamente trabalhada, com alguns esplêndidos achados de marcação, como o mergulho no divã feito por Simão e as posições incômodas de Jackie na cena das adivinhações e na do soluço como o boxeur. Para quem conhece a maneira britânica de ser e representar, a linha que impôs à peça parecerá certamente muito latina, e mesmo nacional. Porém, é francamente admissível o fato de que, para a nossa platéia, e para nossos atores ainda distantes de um plano de representação com características internacionais, venha a ser essa a solução mais próxima, a que evita certos desníveis chocantes".2
1. PRADO, Décio de Almeida. Apresentação do Teatro Brasileiro Moderno. São Paulo: Perspectiva, 2001, p. 204.
2. SILVEIRA, Miroel. Week-end. In: _____. A outra crítica. São Paulo: Símbolo, 1976. p. 90.
Registro fotográfico Documentação Nicete Bruno
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