Título da obra: Pluft, O Fantasminha


Registro fotográfico autoria desconhecida
Pluft, O Fantasminha
,
1955
Registro fotográfico autoria desconhecida
Histórico
O texto de Maria Clara Machado (1921-2001) que estreia com elenco de O Tablado torna-se um clássico da literatura dramática brasileira, inaugura, em sua síntese poética, uma linguagem teatralmente elaborada para crianças.
Os atores e os artistas que assinam a ficha técnica já trabalham juntos há alguns anos e formam uma equipe afinada - o que confere alto nível aos desempenhos. O clima de cumplicidade entre os interpretes garante a homogeneidade da atuação e dá o tom do espetáculo.
A peça conta a história do rapto da Menina Maribel pelo cruel e ridículo Pirata Perna-de-Pau. O vilão esconde a menina no sótão de uma velha casa abandonada, onde vive uma família de fantasmas: a Mãe, que faz deliciosos pastéis de vento e conversa ao telefone com Prima Bolha; o fantasminha Pluft, que nunca viu gente; Tio Gerúndio, que passa o dia inteiro dormindo dentro de um baú; e Chisto, o primo aviador que surge apenas no final para fazer um salvamento espetacular da menina. A trama se concentra na procura do tesouro do avô da menina, o Capitão Bonança, que morreu no mar deixando lá no fundo a sua herança. Mas a grande chave da poesia teatral criada pela autora é a amizade que surge entre a Menina Maribel e o Fantasminha Pluft. Os momentos de comicidade ficam por conta dos amigos de Maribel, o trio clownesco João-Julião-Sebastião, que vai a sua procura para salvá-la.
Definindo o texto como uma "carta de poesia, bom humor e maliciosa inocência", o crítico Yan Michalski (1932-1990) considera que "[...] o relacionamento mútuo entre todos estes personagens é impregnado de um tocante calor humano, embora a autora saiba sempre evitar o perigo da pieguice, geralmente através de incisivas intervenções cômicas; e a qualidade lírica e inventiva dos diálogos é admiravelmente inspirada".1
Um dos momentos de maior encantamento está já no início, no encontro entre Pluft e a Menina, que, com medo do Pirata, chora, o que arranca do fantasminha a exclamação: "Que lindo, que lindo, que lindo... Mamãe, mamãe, acode! A menina está derramando o mar todo pelos olhos." Diante da explicação da mãe, Pluft diz que também quer chorar e a mãe torna a explicar: "Fantasma não chora, Pluft, senão derrete".2 Na opinião de Yan Michalski este diálogo "deveria ter desde já a sua inclusão garantida em qualquer antologia dos grandes trechos da dramaturgia nacional".3
Depois da estreia, a peça é montada em outras cidades brasileiras e no exterior e passa a integrar o repertório de muitos grupos amadores e grêmios teatrais de colégios de todo o país.
Notas
1 MICHALSKI, Yan. O tesouro de Maria Clara Bonança. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 5 set. 1969.
2 MACHADO. Maria Clara. Pluft, o Fantasminha.
3 MICHALSKI, Yan. O tesouro de Maria Clara Bonança. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 5 set. 1969.
Registro fotográfico autoria desconhecida
Teatro Santa Isabel
Teatro João Caetano (Rio de Janeiro, RJ)
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: